A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo a mãe e o padrasto do menino Gael Estevan Caldeira Machado, que faleceu em 14 de maio, um dia antes de completar dois anos. Gael, que residia com a família no bairro Espinheiros, em Itajaí, teria sofrido um engasgamento em casa, levando a uma tentativa de desobstrução das vias aéreas, realizada pelos responsáveis. O caso foi investigado pela Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e Adolescente, que, após a conclusão das investigações, enviou o inquérito ao Ministério Público.
De acordo com o delegado Marcos Okuma, o laudo pericial indicou que Gael morreu em decorrência de um traumatismo toracoabdominal. A causa da morte está associada a manobras de desobstrução feitas de maneira incorreta, provocando ferimentos internos graves na criança. O relatório pericial também destacou que a criança apresentava uma saúde fragilizada, agravada por uma anemia profunda, condição que, segundo os investigadores, poderia ter sido evitada com cuidados médicos mais frequentes e acompanhamento adequado.
Além disso, o inquérito identificou sinais de negligência nos cuidados diários prestados pela mãe de Gael, o que contribuiu para o indiciamento por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A Polícia Civil enfatizou que a negligência com a saúde do menino, evidenciada pela ausência de tratamento para a anemia, somada ao manejo incorreto durante o engasgamento, foram fatores determinantes para a tragédia. O Ministério Público de Itajaí agora analisa as informações do inquérito para decidir sobre a formalização da denúncia contra os responsáveis.
O pai pede justiça:
O pai do pequeno Gael Estevan Caldeira Machado, o eletricista Carlos Eduardo Machado, de 29 anos, busca justiça e responsabilização contra a mãe e o padrasto do menino pela morte trágica do filho. Segundo Carlos, a mãe do garoto o impediu de ver Gael por quase um ano, e ele acredita que a negligência do casal contribuiu decisivamente para a tragédia. Em desabafo, Carlos destacou a dor de ter o sonho de ser pai interrompido de maneira tão dolorosa. “O laudo mostrou que meu filho sofria negligência. Ele estava com anemia aguda. Quero justiça! Nada vai trazer meu menino de volta, mas não posso ficar sem resposta”, lamentou.
Determinada a fortalecer a acusação contra a ex-companheira e o atual parceiro dela, Carlos contratou o advogado Gabriel Pereira, que já havia entrado na Justiça em agosto de 2023 para pleitear a guarda do menino. “Gael tinha uma vida pela frente, e me tiraram ele de vez. Quase um ano sem ver meu filho e, quando pude vê-lo, ele estava no caixão, gelado”, declarou Carlos, ainda profundamente abalado. A defesa argumenta que as condições de saúde do menino indicam negligência, com indícios de lesões anteriores e falta de higiene. No dia da morte, Gael estaria sob os cuidados do casal, que alegou que ele se engasgou com pirão de feijão, sendo levado ao posto de saúde São Francisco de Assis, onde já teria chegado sem vida.
Pereira, advogado de Carlos, pretende solicitar ao Ministério Público que o caso seja reavaliado como homicídio doloso, em vez de culposo, com a consideração de dolo eventual, dada a aparente consciência dos riscos pela mãe e o padrasto. Em declarações, o advogado ainda mencionou uma possível falta de rigor nas investigações devido ao perfil socioeconômico da família. “Se Gael ou seu pai fossem brancos e de classe média ou alta, a Justiça já teria dado uma resposta. Um pai que lutava pela guarda do filho agora sofre dia e noite pela perda precoce dele”, disse o advogado, reforçando o clamor por respostas e pela aplicação da Justiça.