No Brasil, a técnica de conservação de cadáveres chamada “fresh frozen” está sendo adotada por instituições de ensino para aprimorar as práticas de simulação médica. Em Balneário Camboriú, uma faculdade de odontologia focada em estética, chamada Face U, usará cadáveres frescos congelados importados dos Estados Unidos em aulas práticas voltadas para harmonização facial. A técnica, que preserva a viscosidade e mobilidade dos tecidos de forma semelhante ao de um paciente vivo, se diferencia do método tradicional de embalsamamento com formol, permitindo que os alunos tenham uma experiência mais próxima da realidade clínica.
A Face U, que começa as atividades em fevereiro de 2025, pertence ao Grupo Kefraya, que também administra o Instituto de Treinamento em Cadáveres do Brasil (ITC), já familiarizado com a prática de usar cadáveres frescos em suas aulas. Segundo Mohamad Abou Wadi, cirurgião-dentista e fundador do grupo, o objetivo é formar profissionais que, além de trabalhar o sorriso, saibam “proporcionar harmonia e beleza facial completa”. O MEC autorizou o funcionamento da faculdade em agosto de 2024, e o curso incluirá disciplinas de empreendedorismo e branding pessoal, com turmas de aproximadamente 25 alunos.
A técnica “fresh frozen” é permitida no Brasil com peças importadas, devido à legislação que proíbe a comercialização de órgãos e corpos humanos no país. Empresas internacionais, especializadas em conservação e transporte, fornecem as “peças anatômicas”, e as instituições podem solicitar espécimes específicos para determinadas áreas de treinamento, como odontologia e dermatologia. Mohamad destaca que a preservação dos tecidos permite um aprendizado realista, simulando com precisão procedimentos que demandam cuidado, como harmonização facial, sem os efeitos colaterais reais como inchaço ou inflamação.